Realizou-se na sexta-feira, 14 de Março, mais um encontro da malta do Clube do Livro da UEM no Jardim dos Professores, em Maputo. O objectivo continua o mesmo: partilhar leituras, ideias e mundos que os livros constroem.
A sessão contou com a participação de oito estudantes dos cursos de Literatura Moçambicana e Linguística, facto extremamente preocupante visto que a UEM é uma instituição de ensino superior com vários estudantes e de diferentes cursos.
Gil Cossa, estudante e coordenador do clube do livro, mostrou a sua inquietação perante a falta de envolvimento por parte dos colegas e da Direcção da Universidade. Cossa disse, também, ter muitas dúvidas sobre a divulgação dessas sessões por parte da universidade, uma vez que não tem mostrado “nenhum interesse”. Salientou que o Professor Nataniel Ngomane é o único que incansavelmente motiva os estudantes a fazer parte do grupo, mostrando-lhes o impacto positivo que a leitura cria no desenvolvimento do indivíduo.
O Novo Postal conversou com estudantes que sabem, de antemão, a importância da leitura. Nesta mesma linha de pensamento, Beatriz Adelino disse que “os professores pouco falam da existência do clube e das campanhas dos encontros. Nas restantes repartições da universidade, os estudantes dizem que a leitura é para os da Faculdade de Letras e Ciências Sociais, mas, nem mesmo os que estão na área das letras dão importância aos encontros bem como à leitura”. A estudante, mais a frente destacou: “é preocupante que numa instituição de renome como esta somente oito estudantes façam parte desse encontro”.
Khinyela Manyike e Ginilzia Cinco-Reis consideram que o gosto pela leitura deve partir da base e devia-se introduzir a disciplina de Literatura desde o ensino primário, secundário até o superior, pois muitos só vêm a conhecer a sua importância já na universidade.
Enquanto a conversa decorria, num dos cantos do jardim, Linda Beatriz juntou-se à roda de conversa a convite de um dos integrantes. Mesmo não sendo estudante da UEM, opinou. “Acredita que a fraca adesão também pode estar ligada a questões culturais, o próprio país não cria mecanismos para incentivar a leitura e, por outro lado, a vida que se tem levado nos últimos dias não direcciona as pessoas às bibliotecas, mas, sim, aos estabelecimentos de diversão”.
Brisson Banze, também estudante, recorreu ao autor Myles Munroe para falar da problemática da leitura através do potencial; disse que há necessidade de se usar a riqueza do cemitério, metaforicamente, que ninguém vê, mas que só pode ser activada com o conhecimento. Acrescentou que ultimamente os estudantes têm mostrado indiferença perante a tudo e aos poucos se vão perdendo os valores. Diante disto, “os estudantes encaram o livro como um instrumento cansativo que consome o nosso tempo”.
E assim foi mais uma saga desses amigos do livro. Destacamos: uma sociedade que não lê está sujeita a injustiças por falta de conhecimento, pois nunca terá a capacidade de argumentar. É importante que encontros do género sejam implementados em todas as instituições de ensino.
#Edna Matavel