A epilepsia é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro. Nos últimos dias, é comum assistir a situações de ataques epilépticos dentro das instituições de ensino – o que cria um fraco desempenho para muitos estudantes.
O Novo Postal esteve à conversa com Jacline Fernandes, estudante da Universidade Eduardo Mondlane, que sofre desta doença e muitas vezes vê seus sonhos “bloqueados”. Ela partilhou sua experiência e desafios, num primeiro momento, deixou ficar que ser estudante é extremamente difícil e com esta doença torna-se mais difícil ainda, tendo em conta as exigências que lhe são colocadas.
Estar na Faculdade, dar o melhor de si e ouvir por parte dos outros que “os que cursam letras são preguiçosos e menos inteligentes” cria um espírito de insatisfação por parte dos que se esforçam para alcançar êxitos, uma das coisas que acaba gerando descontrole emocional aos estudantes com epilepsia.
As universidades não estão praticamente preparadas para receber estudantes com problemas psicológicos e em momentos de crise alguns docentes mostram-se indiferentes e consideram que os mesmos são originados por problemas espirituais ou são simplesmente manifestações ligadas à ociosidade; nestas mesmas crises de ausência, há ainda professores que ignoram e dizem aos estudantes epilépticos para ficarem em casa – não dando nenhum apoio e muito menos motivação.
A estudante Jacline contou um episódio de crise que teve estando na aula e o professor não se importou, motivo que a leva incontáveis vezes a desistir do curso, com medo de passar mal sem alguém, por perto, para ajudá-la ou por se sentir insuficiente e incapaz diante dos seus colegas “normais”. Houve um dia que teve um trambolhão nas escadas e alguns colegas ao invés de ajudá-la, faziam ecos “são os espíritos da sua família atrás dela”.
Diante disto tudo, há professores que têm mostrado sensibilidade e apoio, eles são os mais ligados aos estudantes e devem ter um espírito investigativo sobre esta e outras doenças, de modo a lidar com a situação e apoiá-los, pois merecem cuidados e também ser incluídos em todas as actividades. Todavia, quando são mimados de forma exagerada acaba despertando um sentimento não agradável, achando que só recebem tal cuidado porque não tem a habilidades para fazer mais e não porque realmente são importantes.
É difícil ter de depender dos outros para estar bem, a condenação de ter de medicar todos os dias e a pressão criada pela Faculdade acaba sendo uma espécie de gatilho para o estudante. É importante que se crie um ambiente saudável nas instituições de ensino, para que todos se sintam valorizados e saibam desenvolver a socialização.
#Edna Matavel