Não fosse esta procura pelos minerais

Não fosse esta procura pelos minerais

Não fosse esta procura pelos minerais

O país teria outro fogo, não este que dissolve

As cidades construídas por cima das árvores

E nem nenhum outro que tarda em arder

Com todos os funis inclinados ao derradeiro incêndio

 

Mesmo que os metais batessem forte e o som

Entrasse como uma luz na carne

A faca abriria outra porta que não tivesse apenas

O abalo das estátuas e a longa canção dos búzios

 

Porque o país é nosso, não apenas a miséria,

Os mercados velhos e os oceanos que lembram

Naufrágios dos que abandonaram os barcos

Antes que o fósforo abrisse a tempestade

Que acende a ferida. Não fosse o leite materno

Dado antes da hora do parto, as ilhargas

Se curvariam para dar espaço ao Islão e ao Jihad

 

Não fosse esta balança desequilibrada, o país

Não cairia pelo lado obscuro,

Cheio de abismos a acenderem debaixo da terra

Não fosse também a falta de urgência

Em abrandar as lâminas e usar a metafísica

Para afiar a língua, esta faísca que cruza a fauna

Teria o capim pelos lados, e como qualquer pedra

Inventaria a revolução que os hominídeos conseguiram

Com apenas dois asteróides e um sonho colectivo

 

E nós, com todas as guilhotinas não conseguimos

Acender um simples rubi que nos liberte

Da violência dos homens de rostos impronunciáveis

 

Não fosse, quiçá, a brancura da luz, a escuridão

Subiria até à água, eleger uma onda

Que tivesse a coragem de apontar com a faca

Os asfódelos onde tomba o sangue dos inocentes.

 

#Otildo Justino Guido

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