Porquê as nossas escolas parecem barracas abandonadas? Essa pergunta gira em minha mente sempre que visito uma escola nos dias de hoje.
É alarmante como as condições das salas de aulas se deterioraram e como os alunos parecem ter perdido o interesse em aprender, sucumbindo aos vícios e distrações dentro do ambiente escolar. Essa realidade me leva a reflectir sobre o papel da escola e a responsabilidade da sociedade e do governo em garantir uma educação de qualidade para as futuras gerações.
Embora esteja há mais de cinco anos fora do ensino primário e secundário, ainda mantenho a minha conexão com as escolas, seja por curiosidade ou como encarregado de educação. Durante minhas visitas, não pude deixar de notar a decadência das instalações escolares. As salas de aulas, onde antes deveriam ser espaços seguros e estimulantes para o aprendizado, parecem agora abrigar apenas ruínas e desamparo.
E os alunos que lá deviam estar, trocaram a caneta pelo Xivodzkongo (bebidas espirituosas), que a namoravam como se não tivesse amanhã, e desenham em seus lábios um futuro cheio de arrependimento.
Sobre as infraestruturas, um exemplo disso é a Escola Secundária da T3, onde presenciei professores sem sequer um lugar para descansar seus corpos exaustos enquanto os poucos alunos presentes realizam suas actividades. Como podemos esperar que os educadores transmitam conhecimento e inspirem os jovens quando não têm nem mesmo um espaço adequado para se recarregar?
Infelizmente, não é a primeira vez que me deparo com essa situação. Durante boa parte do meu ensino primário, as aulas eram ministradas sob a sombra de um canhueiro, onde buscávamos abrigo do sol escaldante. Era uma realidade precária, mas agora testemunhar escolas que se assemelham a barracas abandonadas é algo inaceitável.
É triste constatar que a escola, que deveria ser um ambiente de formação e desenvolvimento integral, tem se tornado um terreno fértil para os vícios e distrações dos alunos.
Na própria Escola Secundária da T3, a direção sente-se ameaçada pela nova febre que assola os estudantes: o consumo de álcool e o seu impacto negativo no ambiente escolar, de tal forma que quase esgotou as suas medidas de correção destes alunos.
Como podemos permitir que nossas escolas se tornem palco para comportamentos destrutivos em vez de serem espaços de aprendizado e crescimento saudável?
Diante desse cenário preocupante, é imperativo que questionemos o papel da escola em nossa sociedade. Será que estamos fornecendo o suporte necessário para que nossas crianças e jovens sejam educados de forma adequada? Será que estamos investindo recursos suficientes em infraestrutura e condições de ensino que promovam um ambiente propício ao aprendizado?
É preciso que a sociedade se una para exigir mudanças. Nossas escolas não podem mais ser relegadas a um segundo plano, como barracas abandonadas que são ignoradas e esquecidas. Precisamos priorizar a educação e garantir que nossas crianças tenham acesso a ambientes seguros, inspiradores e com profissionais capacitados.
Enquanto a educação continuar sendo negligenciada, as consequências serão sentidas por toda a sociedade.
#Daniel Jacinto