A limitação no processo de ensino e aprendizagem nas comunidades rurais tem matado sonhos de muitos adolescentes e jovens, visto que nem todos gozam de melhores condições de vida para se matricularem na cidade. Enquanto que para muitos são sonhos perdidos, Helena Mboane teve a oportunidade de se mudar para a cidade em busca de concluir o ensino secundário.
Helena fez o ensino primário na sua localidade “Kadjaze” no distrito de Moamba e depois de concluir a sétima classe passou para a Escola Secundária de Mahulane no mesmo distrito onde frequentou até à décima classe. A escola não reúne condições para leccionar a décima primeira e segunda classes, por este motivo ela viu-se obrigada a deixar a sua casa e família para concluir os estudos num ambiente diferente do habitual. Actualmente, frequenta a décima segunda classe na Escola Secundária de Matlhemele em Matola-Gare, onde reside com a sua tia e os dois primos.
Em conversa com o Novo Postal Helena deixou ficar um pormenor “depois de concluirmos a décima classe, em Mahulane, somos mandados ao internato em Moamba ou Ressano Garcia, os que não têm condições para custear as dispensas durante o ensino e nem familiares que lhes possam acolher na cidade, abandonam os estudos”.
Os rapazes sem possibilidades de continuar com os estudos tendem a atirar-se aos vícios (consumo de estupefacientes) por conta do elevado índice de desemprego, por um lado, as meninas atiram-se aos casamentos prematuros, bem como a cuidar das machambas dos seus pais.
Diante deste dilema, os encarregados de educação lamentam bastante, porque para além da falta do acesso à escola, há também escassez de transportes para os alunos, visto que a distância entre Kadjaze e Mahulane é de duas caminhando .
“Havia dias em que saíamos tarde da escola, sem lanche e sem transporte, caminhando toda aquela distância, sobrevivendo com água e sem saber o que poderia acontecer no meio daquele mato, porém, o desejo de ter educação encorajou-nos a ignorar os perigos da vida”, disse Helena Mboane.
É preciso que se coloquem escolas nos arredores das localidades de modo a criar acessibilidade por parte dos que não têm condições de se mudar para outras cidades. Isto é, no ensino não deve haver barreiras.
#Edna Matavel